Nada como um cafezinho para ajudar a começar o dia, para melhorar a
concentração no trabalho, ou para se reunir com amigos e familiares e bater um
papo, não é mesmo?
Independentemente da ocasião, ou do motivo, o café é uma das bebidas favoritas
não só dos brasileiros, mas de boa parte das pessoas em diversos países. Isso faz
com que a cafeína seja a substância bioativa mais rotineiramente consumida ao
redor do mundo, levantando algumas questões entre os estudiosos da saúde.
Se por um lado há quem diga que seu consumo pode fazer mal, por outro, há quem
defenda os benefícios do café e da cafeína. E aí, fica a dúvida: afinal, de que forma
esse composto afeta o nosso corpo? A cafeína faz bem ou é melhor dispensar o
cafezinho de cada dia?
Vamos descobrir:
O que você ingere quando toma café?
O café que você toma é o resultado de uma longa cadeia de transformações
químicas. A bebida contém mais de 1000 compostos responsáveis pelo seu sabor e
aroma inconfundíveis, incluindo, além da cafeína, outros tipos de metilxantina,
ácidos, álcoois e flavonoides.
Ademais, para medir seu impacto, é necessário considerar os diversos fatores de
produção envolvidos, que vão desde o grão até a hora em que ele vai parar na sua
xícara, como:
● variações nos grãos (espécies, origem e características genéticas);
● práticas agrícolas (tradicionais ou orgânicas);
● técnicas de pós-colheita (por via seca ou úmida);
● duração e condições de armazenamento;
● tipo de torra (leve, média ou escura);
● tipo de café comercializado (torrado e moído ou instantâneo);
● método de moagem;
● coagem (fervido, filtrado ou expresso).
Portanto, a concentração de cafeína e os efeitos da bebida vão variar conforme o
café ingerido, o que significa que nunca bebemos duas xícaras de café com
exatamente a mesma composição, mesmo quando o café sai da mesma fonte.
Alguns levantamentos, porém, ajudam a entender de que forma ele pode contribuir
ou prejudicar a nossa saúde, de forma geral:
Como o café afeta o corpo?
Metabolismo
Ainda existe certa controvérsia quanto aos possíveis benefícios e malefícios da
cafeína e do consumo de café.
Por um lado, alguns dados epidemiológicos mostram que o consumo habitual de
café tem vários benefícios para a saúde, incluindo:
1. redução no risco de transtornos como o Parkinson e o mal de Alzheimer;
2. melhorias nas funções hepáticas;
3. um possível papel na perda de peso através do aumento do gasto energético,
da oxidação lipídica e das atividades termogênicas e lipolíticas (de
decomposição de gordura) que a bebida exerce;
4. diminuição do risco de alguns tipos de câncer, como o endometrial, o
prostático, o colorretal e o do fígado.
Vários estudos também demonstraram que o consumo de café estaria
positivamente associado à diminuição do risco de diabetes tipo 2.
Em contrapartida, outros estudos apontaram que a cafeína reduziria a tolerância à
glicose.
Como resultados semelhantes foram observados em cafés cafeinados e
descafeinados, a suspeita é de que, embora a cafeína possa, de fato, induzir um
aumento da resposta glicêmica, outros compostos bioativos presente no café
contrariam este efeito, alterando a absorção e metabolização da glicose, bem como
a sensibilidade à insulina.
Logo, considerando o que sabemos até agora, ele não chega a ser maléfico, nesse
sentido.
Coração
Os efeitos do café na saúde cardiovascular também continua a ser debatido.
Ainda que seu consumo esteja associado a efeitos adversos no colesterol e na
pressão sanguínea, eles não são tão preocupantes se observarmos que as análises
foram feitas considerando apenas a cafeína, isoladamente.
Desse modo, os supostos efeitos nocivos da cafeína podem ser compensados pelos
efeitos benéficos de outros compostos do café, como os flavonoides, que têm ação
antioxidante e exercem importante papel na prevenção da doença arterial
coronariana, por exemplo.
Ossos
O aumento do consumo de cafeína está associado a um aumento de excreção de
cálcio na urina. Porém, consumir até 400 mg de cafeína por dia (2 a 4 xícaras) não
apresenta nenhum risco em adultos saudáveis.
Ingerindo a quantidade recomendada de cálcio diariamente (1000 mg) a excreção
não é tão significativa, uma vez que a quantidade excretada será reposta. Ou seja,
basta prezar pelo equilíbrio nutrológico.
Contudo, mulheres grávidas devem tomar um pouco mais de cuidado e reduzir o
consumo a 300 mg diários, a fim de evitar quaisquer deficiências que possam
interferir no desenvolvimento do bebê.
Estômago
Não há, até o momento, estudos que mostrem uma relação significativa entre o
consumo de café e transtornos como úlcera gástrica, úlcera duodenal ou doença do
refluxo gastroesofágico.
Vale mencionar, porém, que se você já sofre com algum problema estomacal, pode
ser que o café provoque alguns incômodos, mesmo quando descafeinado. Portanto,
o recomendado, nesse caso, é evitá-lo.
Recomendações gerais
A quantidade de cafeína necessária para produzir efeitos adversos varia de pessoa
para pessoa e depende de fatores como peso, sexo, idade e aspectos fisiológicos.
Além disso, algumas pessoas metabolizam a cafeína mais lentamente do que outras
devido a variações na atividade de uma enzima metabólica específica, de modo
que, para estas, o consumo de café pode gerar sintomas desagradáveis.
Por outro lado, a maioria dos amantes do café se beneficia de seus efeitos positivos,
como maior concentração, mais disposição para atividades diárias e melhora do
humor.
Mas vale lembrar que a cafeína também tem propriedades viciantes, então é preciso
tomar cuidado com sintomas de abstinência (como dor de cabeça, letargia e
irritabilidade) quando seu consumo é interrompido. O excesso de cafeína também
tem sido associado a dores de cabeça, náusea, ansiedade, hipertensão e
inquietação, por isso é importante se manter dentro das diretrizes.
O consumo ideal é de até 400 mg por dia de cafeína, o que rende em torno de 4
xícaras, ou 200 ml, de café. Para colher os benefícios proporcionados pela bebida, a
recomendação é de 2 a 4 xícaras por dia.
FONTE: Gonzalez de Mejia, E.; Ramirez-Mares, MV.; Impact of caffeine and coffee
on our health; Trends Endocrinol Metab.; 2014, Oct.
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