O quanto de álcool é considerado uso excessivo?

Quanto uso de álcool é excessivo?

O quanto de álcool é considerado uso excessivo?

Embora seja improvável que tomar uma bebida alcoólica ocasionalmente seja prejudicial à saúde, beber em excesso pode ter efeitos negativos substanciais no corpo e no bem-estar. Você pode se perguntar em que momento seu consumo se torna prejudicial à sua saúde e quanto é demais. 

A OMS pinta um quadro assustador dos efeitos do álcool sobre a saúde humana. No mundo inteiro, 3,3 milhões de mortes anuais resultam da bebida. Ou seja, quase 6% de todas as mortes são atribuídas total ou parcialmente ao álcool. No Brasil, o álcool esteve associado a 63% e 60% dos índices de cirrose hepática e a 18% e 5% dos acidentes de trânsito entre homens e mulheres, respectivamente, em 2012. Além disso, seu uso é fator causal de mais de duzentos tipos de doenças e lesões. De acordo com a OMS, também há uma relação entre o uso prejudicial de álcool e transtornos mentais e comportamentais.

Motivadas pelo desejo de melhorar a saúde e a segurança, as autoridades de mais de quarenta países criaram diretrizes nacionais para o consumo de bebidas. mas, embora concordem que beber “demais” faz mal, parece que é difícil um consenso sobre o que é “demais”.

O quanto de álcool é considerado uso excessivo?

Tontura, dor de cabeça, sensação de boca seca e desânimo no dia seguinte à ingestão de álcool são sintomas da “ressaca”: uma reação do seu corpo a esse consumo excessivo. 40 miligramas de etanol por 100 mililitros são suficientes para gerar o quadro de euforia, causando esse desconforto no dia posterior.

O coma alcoólico seria um próximo passo, necessitando de internação e aplicações de glicose, lavagens estomacais e outros tratamentos, de acordo com a intoxicação. 300 mg de etanol por 100 mL de sangue, aproximadamente, levam o indivíduo a esse quadro. Uma intoxicação mais severa (aproximadamente 500 mg por 100 mL), pode causar a morte por overdose.

O uso excessivo e prolongado do álcool pode irritar a mucosa estomacal, causando a gastrite. Essa confere muito desconforto ao portador, uma vez que causa ardência, queimação, dores de cabeça. Outras conseqüências, e ainda mais graves, são: o aumento da pressão arterial, problemas no coração e pâncreas, hepatite e cirrose. Distúrbios do sistema nervoso, como desatenção e tremedeira, também podem fazer parte do quadro.

O fígado é um dos principais órgãos afetados, uma vez que é ele quem armazena o glicogênio – a nossa reserva de glicose, que oferece energia aos animais, inclusive o humano – e o libera aos poucos para a corrente sanguínea.

Quando o indivíduo está sem se alimentar por um tempo razoável, suas reservas se esgotam, fazendo com que este órgão sintetize a glicose a partir das nossas proteínas musculares. Essa síntese é dificultada na presença do álcool, visto que o etanol bloqueia essa ação. Assim sendo, é compreensível o porquê das pessoas que estão bebendo em jejum se afetam mais rapidamente e o porquê do álcool em excesso, ao longo do tempo, pode causar a cirrose hepática.

Dependência e efeitos colaterais

Os efeitos do álcool podem ser mental e fisicamente viciantes. Sentir um desejo compulsivo de beber, se preocupar com onde ou quando você tomará a próxima bebida e achar difícil se divertir sem beber são sinais comuns de dependência de álcool.

A causa dessa dependência pode ser complexa. Pode ser causado em parte pela genética e pelo histórico da família, mas seu ambiente também pode ter um papel importante.

Depressão e ansiedade

Existem muitos outros efeitos colaterais do uso crônico de álcool. Embora os efeitos na saúde variem entre os indivíduos, o consumo de bebida está frequentemente associado à depressão e à ansiedade.

Algumas pessoas podem usar o álcool como uma solução rápida para melhorar seu humor e reduzir a ansiedade, mas isso geralmente fornece apenas alívio a curto prazo. A longo prazo, pode piorar sua saúde mental e física geral.

Obesidade 

O consumo de álcool regular estimula o acúmulo de gordura corporal e o aumento da circunferência da cintura. A bebida alcoólica é pobre nutricionalmente (não alimenta) e possui alto valor calórico: 1 grama de carboidrato ou proteína tem, mais ou menos, 4 calorias, enquanto a mesma de álcool tem 7 calorias. Uma lata de cerveja, por exemplo, fornece aproximadamente 150 calorias, praticamente o mesmo que um pão francês.  Além disso, o álcool eleva o nível de cortisol – o hormônio do estresse – no organismo, isso tende a aumentar o desejo por comidas cheias de açúcar e gordura.

Órgãos afetados

Fígado: a maioria das doenças relacionadas ao fígado tem relação com o consumo de álcool, uma vez que este é o órgão responsável por metabolizar a substância no organismo. Entre essas doenças hepáticas estão esteatose (acúmulo de gordura no fígado), hepatite e cirrose.

Pâncreas: o abuso de álcool é a principal causa de pancreatite crônica em adultos, uma inflamação no pâncreas que pode provocar, entre outros sintomas, dor progressiva e gerar consequências graves à saúde.

Coração: a cardiomiopatia (doença do músculo cardíaco) é um problema que ameaça usuários de álcool. Eles também ficam sujeitos a sofrer de hipertensão, aumento do colesterol e arritmias, entre outras patologias.

Estômago: o excesso de álcool pode causar inflamação no revestimento do estômago, levando a gastrites e úlceras.

 Cérebro: os distúrbios mentais e comportamentais causados pelo álcool são perceptíveis mesmo a curto prazo e o consumo excessivo pode afetar o sistema nervoso e aumentar os riscos de danos cerebrais e de deterioração cognitiva.

Ou seja…

Considera-se que o consumo aceitável de bebidas alcoólicas é aquele que não é diário e não ultrapassa a quantidade de 30 gramas de álcool em um único dia. Vamos converter isso em linguagem popular:

Consideramos 1 drink a medida de qualquer bebida que contenha cerca de 14 gramas de álcool. Isso equivale a uma taça de vinho (150 ml com teor alcoólico de 12%), uma lata de cerveja (350 ml com teor alcoólico de 5%) ou 45 ml de uísque (uma dose com teor alcoólico de 40%).

Em uma sociedade que estimula o consumo de álcool e pouco divulga dados sobre seus malefícios, os números acima podem parecer exagerados. Mas não são. Esses são os volumes de álcool atualmente aceitos pela comunidade científica internacional como de baixo risco para a maior parte da população. Com esse padrão de consumo de álcool há poucas chances de surgirem dependência, problemas pessoas ou danos para órgãos, como fígado, coração, pâncreas e cérebro.

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