Mudanças de hábitos dos brasileiros durante o coronavírus: como isso impacta em uma alimentação mais saudável

Mudanças de hábitos alimentação saudável

Mudanças de hábitos dos brasileiros durante o coronavírus: como isso impacta em uma alimentação mais saudável

“Esta não é apenas uma crise de saúde, uma crise de emprego; é uma crise humanitária e uma crise de desenvolvimento”. Essas são palavras da ONU, que lançou diretrizes que moldarão o “novo normal” da sociedade depois do coronavírus. As pessoas estão desacelerando e se reconectando com atividades básicas de suas rotinas. Há mudanças expressivas nos hábitos de saúde dos brasileiros, que já podemos analisar em algumas pesquisas.

Dados sobre mudanças de hábitos na saúde e alimentação dos brasileiros durante a pandemia

Nos últimos 2 meses, segundo dados de análises feitas semanalmente pela consultoria MindMiners: 84% dos brasileiros dizem que estão cuidando melhor de si mesmos: 47% querem informações práticas de como se manterem saudáveis; 80% das pessoas entrevistadas passaram a praticar atividade física; 51% passaram a praticar meditação; houve um aumento de 79,5% na atenção com higiene pessoal; e 49,5% começaram a cozinhar mais dentro de casa, com uma variedade de alimentos mais orgânicos.

Segundo outra pesquisa, “Alimentação na pandemia – como a Covid-19 impacta os consumidores e os negócios em alimentação”, realizada pela consultoria especializada em food service Galunion, em parceria com o Instituto Qualibest, 90% das pessoas estão evitando comer fora – o que corrobora com as informações fornecidas pela MindMiners.

O levantamento foi realizado entre 2 e 6 de abril de 2020. Foram feitas 1.086 entrevistas com homens e mulheres das classes A, B e C. A grande maioria – 96% – estão em cidades com quarentena. 83% se encontram em isolamento social, 14% continuam trabalhando presencialmente em áreas que não da saúde e 3% atuam na área da saúde.

Perguntados sobre qual tipo de culinária gostariam de pedir e comprar neste momento, vemos a ascensão da comida mais familiar e acessível. É de se esperar que em momentos de alta insegurança os consumidores se voltem para o que se sentem mais confortáveis, sendo menos aventureiros e com menor disposição em se arriscar. As preocupações com saúde, segurança e solidariedade são as grandes razões para as mudanças de comportamento.

93% dessa amostragem está preparando suas refeições em casa. Com a pandemia, 44% já faziam e aumentaram preparo de comida; 31% já faziam e aumentaram a compra de alimentos para preparar no domicílio; e 15% não faziam e passaram a fazer pedidos de entrega de compra do mercado. Por outro lado, 27% faziam, mas diminuíram o pedido de delivery.

Mas como isso impacta em uma alimentação mais saudável?

Cozinhar em casa e optar por alimentos frescos e orgânicos, o primeiro fator alinhado com os dados fornecidos, é majoritariamente importante para que as pessoas tenham uma alimentação balanceada e que estejam com o sistema imunológico funcionando de forma adequada – talvez um dos maiores combatentes ao coronavírus.

O segundo fator relacionado às mudanças que os brasileiros estão adotando em suas rotinas é o hábito. O “antigo normal”, segundo a ONU, tornou-se insustentável na cabeça das pessoas. Todos os cuidados com higiene, saúde e alimentação parecem ter se tornado uma via de regra. E isso começa a se tornar um hábito.

Mente e corpo estão sempre influenciando um ao outro a partir de comportamentos. Uma pessoa que se alimenta corretamente possui mais energia para realizar suas tarefas diárias – e em uma situação de isolamento social, isso é crucial. Gera ânimo, boa vontade e mudanças perceptivas em seu bem-estar. Gera forças para enfrentar.

Se você é extremamente ansioso, o poder que a sua mente exerce irá limitar a capacidade de eliminar calorias do seu corpo. Assim como o estresse e outras doenças tem efeito significativo na saúde e no peso, uma alimentação saudável também influencia diretamente no funcionamento da mente e do corpo. Vê como é uma via de mão dupla?

As mudanças no estilo de alimentação podem ser difíceis no início, mas quando se transformam em hábitos ficam mais fáceis. A reposição dos nutrientes, bem como o uso de dietas ricas em substâncias como vitaminas, antioxidantes, oligoelementos, minerais, micro e macro nutrientes, que participam e controlam ativamente todas as reações químicas do organismo, são imprescindíveis para a manutenção da vida e da saúde

Com mais tempo em casa e o mundo desacelerando, fica mais fácil de se atentar à essas questões. O que nos leva à próxima questão:

Isolamento social e o papel cultural da alimentação

O ato de comer em grupo é um dos que define o homem como um ser cultural e participativo em um contexto social. Os alimentos que escolhemos e a forma como os consumimos também nos dizem muito sobre identidades, costumes e características culturais.

A tecnologia facilitou a fabricação, a produção, o transporte e a conservação de alimentos, mas também criou uma das indústrias mais megalomaníaca, irresponsável e desigual do mundo. As mudanças na produção e no ato de comer refletem o ritmo agitado imposto pelo estilo de vida moderno, em que as pessoas passam muito tempo fora de casa e são bombardeadas constantemente com informações. Tudo isso gera menos interesse pelo tema. É comer para sobreviver, principalmente nas regiões periféricas do globo.

Voltando à ONU e as diretrizes do “novo normal”, a sociedade terá que se concentrar mais firmemente em uma responsabilidade compartilhada, solidariedade global e ação urgente para as pessoas necessitadas, que demandam a proteção de empregos, empresas e meios de subsistência para iniciar uma recuperação segura das sociedades, de modo a percorrer um caminho mais sustentável, com igualdade de gênero e de classes sociais.

É válido repetir: com mais tempo em casa e o mundo desacelerando – em decorrência ao isolamento social -, fica mais fácil de se atentar à essas questões. E principalmente refletir. Sair do modelo expansivo industrial e começar a apoiar produtores locais. Moldar, agora que estamos carentes de uma das maiores expressões culturais, uma nova identidade de se consumir, mais responsiva e saudável.

Dentro desse contexto, a preocupação com a procedência da comida passou a fazer parte da rotina desses consumidores que, além de produtos naturais, buscam comprar de marcas e fabricantes que levantam bandeiras mais éticas e sustentáveis.

O mundo está mudando, mas, sobretudo, os hábitos das pessoas também.

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