O que é a Tríade da Mulher Atleta? Conheça a síndrome e seus sintomas!

O que é a Tríade da Mulher Atleta? Conheça a síndrome e seus sintomas!

A Tríade da Mulher Atleta (TMA) foi referida pela primeira vez em 1992, durante uma conferência
do Colégio Americano de Medicina Esportiva. Apesar de diversas pesquisas
sobre o tema terem sido publicadas, pouco se ouve falar dela fora da comunidade científica.

 

Caracterizada como uma síndrome que envolve desordem alimentar, irregularidade
menstrual e enfraquecimento dos ossos, costuma se manifestar cedo nas mulheres, mas as
consequências mais graves aparecem tardiamente, principalmente no pós-menopáusico.

 

 

Confira, a seguir, uma explicação detalhada sobre seu desenvolvimento e os cuidados a
serem tomados para evitá-la:

 

Transtornos alimentares

Boa parte dos sintomas da TMA têm origem na desordem alimentar, caracterizada por
um espectro de padrões alimentares alterados, seja uma restrição calórica sem
fundamento ou distúrbios alimentares mais severos, como anorexia e bulimia.

 

Como sabemos, a pressão pelo “corpo perfeito” exerce grande influência na distorção que a
mulher tem de sua imagem corporal, o que pode levá-la a adotar “dietas milagrosas” ou
comportamentos mais agressivos associados a tais distúrbios.

 

É por isso que a tríade costuma se manifestar entre jovens atletas, na faixa dos 13 aos 19
anos, quando, ao mesmo tempo em que estão iniciando sua carreira, estão contestando o
próprio corpo.

 

Um estudo publicado na revista científica Maturitas aponta para uma relação
potencialmente perigosa entre as demandas esportivas e os distúrbios alimentares em
corredoras nessa faixa etária, por exemplo.

 

Para que tenham melhor desempenho, é necessário que um biotipo específico, amparado
por planos alimentares e de exercícios que assegurem sua performance. Mas não é
incomum que isso seja traduzido, tacanhamente, como “é necessário ser magra para correr
melhor”.

 

Soma-se a isso os padrões de beleza, e o resultado é um potencial comprometimento da
saúde em função do corpo ideal.

 

Anorexia nervosa

A anorexia nervosa caracteriza-se por uma rejeição fóbica à ideia de engordar, levando à
busca obsessiva pela magreza. Em 90% dos casos, acomete mulheres na faixa de 12 a 20
anos. É uma doença com riscos clínicos, podendo levar à morte por desnutrição.
Alguns de seus sintomas incluem:

● Alimentação e preocupação com peso corporal tornam-se obsessões.
● Crença de que se está gordo, mesmo estando excessivamente magro.
● Parada do ciclo menstrual (amenorréia).
● Depressão, ansiedade e irritabilidade.
● Exercícios físicos em excesso.
● Isolamento progressivo da família e amigos.

 

Os gatilhos para a anorexia são vários e subjetivos. A preocupação excessiva com a
performance, neste caso, contribui significativamente para o aparecimento do transtorno.

 

Bulimia

Já a bulimia pode ser identificada pela ingestão exagerada de alimentos, com um
sentimento de perda de controle sobre a alimentação, e episódios de vômitos ou abusos de
laxantes para impedir o ganho de peso.

 

Assim como na anorexia, pessoas com bulimia desenvolvem uma preocupação excessiva
com sua aparência. Veja alguns de seus sintomas:

● Perda de controle sobre o que come.
● Comer em excesso até sentir desconforto ou dor.
● Ir ao banheiro imediatamente após as refeições.
● Forçar o vômito após comer.
● Fazer uso de diuréticos e laxantes após comer.
● Usar suplementos diários de perda de peso.

 

Também aqui, as causas para o aparecimento da bulimia são subjetivas, mas podem ser
significativamente facilitadas pelas condições expostas acima.

 

Ortorexia

Outro distúrbio que vem ganhando atenção é a ortorexia, ou a obsessão pela “alimentação
saudável”.

 

Como destacado pela Associação Brasileira de Nutrologia, “a ortorexia não foi reconhecido
como diagnóstico no manual de psiquiatria DSM-IV, porém apresenta atualmente mais de
30 trabalhos científicos e deve ser considerado com critérios diagnósticos definidos num
futuro próximo, provavelmente nos DSM-V ou VI”.

 

O transtorno é caracterizado pela adesão às dietas milagrosas equivocadamente difundidas
pelos meios de comunicação – TV, redes sociais, revistas, etc. -, sem que haja a
preocupação com os aspectos nutrológicos dessas alimentações radicais.

 

Pode incluir desde restrições simples, e injustificadas, até a exclusão de grupos de
alimentos considerados importantes para uma nutrição adequada, acarretando em quadros
de carências nutricionais ou subclínicos (fome oculta, déficit de vitaminas e micronutrientes,
anemia, ostopenia, entre outros).

 

Se o corpo não é nutrido de forma adequada, independentemente das motivações, os riscos
associados aos outros dois sintomas da Tríade da Mulher Atleta são aumentados.

 

Disfunções menstruais e hipoestrogenismo

A nutrição adequada não tem a ver só com demandas esportivas. Nosso corpo precisa de
energia para desempenhar suas funções, das mais simples às mais complexas.

 

Como vimos, um quadro nutrológico em desacordo com a real necessidade energética da
mulher, seja ela atleta ou não, interfere expressivamente em seu ciclo menstrual, podendo
culminar em episódios de amenorreia ainda na juventude e atrapalhando o desenvolvimento
de seu sistema reprodutor.

 

Mas o risco não é condicionado apenas pelos distúrbios alimentares; aspectos psicológicos
mais genéricos, como o estresse, também podem contribuir para as disfunções menstruais.

 

No caso de mulheres atletas e, principalmente, de jovens atletas, a frequência desses
episódios pode culminar na menopausa precoce, além dos demais riscos associados a
disfunções hormonais.

 

A razão pela qual a TMA é especialmente perigosa com o passar dos anos tem a ver com o
funcionamento irregular do sistema hormonal. Durante a menopausa, ocorre um declínio
abrupto (e natural) na produção ovariana de estrógeno com importantes alterações no corpo
da mulher, quadro definido como hipoestrogenismo.

 

Em mulheres diagnosticadas com a tríade, esse declínio pode ser antecipado, e a razão
pela qual o hipoestrogenismo é especialmente importante, aqui, tem a ver com o próximo
sintoma:

 

Osteoporose

Os ossos são nossos alicerces. Para que nos sustentem apropriadamente, é necessário
fortalecê-los.

 

Como qualquer outro tecido do nosso corpo, o osso é uma estrutura viva, que precisa se
manter saudável. Isso acontece mediante a remodelação do osso velho em osso novo. A
osteoporose ocorre quando o corpo deixa de formar material ósseo novo suficiente, ou
quando muito material dos ossos antigos é reabsorvido pelo corpo. Se os ossos não se
renovam como deveriam, ficam cada vez mais fracos e finos, sujeitos a fraturas.

 

Um medidor importante da saúde óssea é o DMO, ou densidade mineral óssea, uma vez
que verifica a densidade dos minerais (como o cálcio) nos ossos de um indivíduo. Uma
alimentação que não corresponda às necessidades básicas para a manutenção de um
índice satisfatório de DMO aumenta consideravelmente os riscos de osteoporose, que são
ainda mais significativos em um cenário de disfunções hormonais.

 

Isso porque o hipoestrogenismo, discutido no item anterior, naturalmente afeta o acúmulo
de massa óssea – uma consequência que, se somada à baixa densidade resultante de uma
alimentação inadequada, pode resultar em quadro grave e precoce de fragilidade dos
ossos.

 

Assim, é possível afirmar que a osteoporose é o ápice da Tríade da Mulher Atleta, uma vez
que o acúmulo de suas consequências inevitavelmente resulta no enfraquecimento do
sistema esquelético: a desordem alimentar impossibilita o acúmulo necessário de cálcio
para um DMO apropriado; a disfunções menstruais, com risco de amenorréias prolongadas,
compromete a produção hormonal, também afetando os ossos; não havendo o
fortalecimento necessário para compensar seu desgaste natural com o passar do tempo, a
ossatura é severamente comprometida no período pós-menopáusico.

 

Cuidados

Apesar de algumas especificações sintomáticas da síndrome, como a manifestação em
jovens atletas, em especial naquelas cujo biotipo esbarra nos padrões de beleza, queremos
atentar para o fato de suas implicações serem relevantes para qualquer mulher que pratique
exercícios físicos, mesmo sem fins esportivos.

 

Um plano nutrológico individualizado, que considere suas necessidades e objetivos, é
imprescindível para a obtenção da energia adequada ao funcionamento do seu corpo e para
a prevenção das disfunções envolvidas na tríade.

 

Além disso, é sempre importante lembrar que o corpo ideal é aquele que te sustenta!
A consultoria especializada com um médico do esporte e um profissional em nutrologia
assegura as melhores estratégias para o alcance dos seus objetivos a curto e longo prazo.
Conte conosco para te orientar!

 

FONTE: Thein-Nissenbaum J. Long term consequences of the female athlete triad.
Maturitas (2013),  http://dx.doi.org/10.1016/j.maturitas.2013.02.010

 

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